Bom senso na desoneração da folha

No que tange aos 20% do INSS patronal, sua extinção reduziria em mais da metade a carga tributária sobre a folha de salários.

Junto com a nova política industrial, o governo deve anunciar neste mês as bases da desoneração da folha de pagamentos. Ambas as ações visam melhorar a capacidade de competição das empresas no Brasil, comprometida com a valorização do real.

O governo já bateu o martelo em dois aspectos da desoneração da folha: ela ocorreria para todas as empresas, em vez de sua adoção apenas para segmentos industriais que sofrem com o câmbio, e abrangeria a substituição integral do INSS patronal, ao contrário da proposta de redução desse tributo de 20% para 16% como se aventou tempos atrás. Ambas as definições são positivas. O custo do trabalho no Brasil, um dos mais altos do mundo, prejudica mais as empresas intensivas em mão de obra, como é o caso dos prestadores de serviços, que mesmo não sofrendo impacto direto do câmbio, são fornecedores da indústria. Assim, o elevado ônus sobre a folha de salários acaba sendo disseminado para a economia em geral.

No que tange aos 20% do INSS patronal, sua extinção reduziria em mais da metade a carga tributária sobre a folha de salários. O ideal seria sua redução imediata, mas ela pode ser apresentada para ocorrer ao longo de quatro anos. O avanço nesse ponto é que o governo se convenceu que a extinção total do tributo é necessária e que diminuir apenas quatro pontos percentuais de sua alíquota teria efeito pífio para a competitividade econômica.

O governo avançou em dois pontos quanto à desoneração, mas não definiu a base alternativa para substituir o INSS patronal. São três as alternativas que a presidente Dilma Roussef estaria considerando: instituir um adicional da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), aumentar a Cofins sobre o faturamento das empresas e criar uma contribuição sobre a movimentação financeira nos bancos.

O lucro líquido e o faturamento como bases alternativas para suprir a arrecadação gerada pelo INSS patronal seriam as piores decisões para o restabelecimento da competitividade das empresas, uma vez que o ônus continuaria concentrado sobre a produção. Além disso, a estrutura permaneceria declaratória, dando margem para a prática da sonegação, e manteria a receita previdenciária vulnerável às oscilações da atividade econômica.

A movimentação financeira é a base mais indicada para substituir o INSS das empresas. Essa é a proposta que a Confederação Nacional de Serviços (CNS) vem defendendo e que um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou ser positiva em termos de redução de custos empresariais, geração de empregos e expansão do PIB. Estaria de acordo com as metas de melhorar a capacidade competitiva da economia, formalizar e gerar empregos e estimular o crescimento econômico.

A CNS propõe substituir integralmente o INSS patronal por uma espécie de CPMF. A contribuição previdenciária, que hoje é um dos tributos mais sonegados, passaria a ser obtida de forma automática sobre a movimentação bancária, o que combateria a evasão de receita e permitiria maior sustentabilidade financeira para a previdência social.

O governo teve bom senso ao decidir pela desoneração da folha para todos os setores e ao extinguir totalmente o INSS, ainda que de modo gradual, e a expectativa agora é que a presidente Dilma Roussef possa agir da mesma forma ao escolher a proposta da CNS como a mais viável para o País.

Links Úteis

Indicadores diários

Compra Venda
Dólar Americano/Real Brasileiro 5.425 5.426
Euro/Real Brasileiro 6.0472 6.0552
Atualizado em: 19/09/2024 21:02

Indicadores de inflação

06/2024 07/2024 08/2024
IGP-DI 0,50% 0,83% 0,12%
IGP-M 0,81% 0,61% 0,29%
INCC-DI 0,71% 0,72% 0,70%
INPC (IBGE) 0,25% 0,26% -0,14%
IPC (FIPE) 0,26% 0,06% 0,18%
IPC (FGV) 0,22% 0,54% -0,16%
IPCA (IBGE) 0,21% 0,38% -0,02%
IPCA-E (IBGE) 0,39% 0,30% 0,19%
IVAR (FGV) 0,61% -0,18% 1,93%