Não seja refém da Inteligência Artificial
*Por Pedro Signorelli
A Inteligência Artificial é um tópico que está gerando bastante discussão e divergência entre as pessoas, principalmente sobre seu uso no ambiente de trabalho. Afinal, é muito comum que exista medo e receio da parte de muitos trabalhadores de que a ferramenta tome seus lugares e roube seus empregos. E com um avanço tão grande em tão pouco tempo, quem pode julgá-los?
No entanto, quando falamos da gestão de pessoas, posso garantir que isso dificilmente vai acontecer em um futuro a longo prazo e o motivo para a minha afirmação é mais simples do que você imagina: uma máquina, por mais moderna e complexa que seja - com os mais variados recursos -, nunca será capaz de ter a mesma tratativa com os outros do que nós, seres humanos. Além disso, acho que o uso da tecnologia vai deixar mais escancarada a necessidade de sermos mais humanos e como precisaremos melhorar nossas relações.
Enquanto gestores, temos um papel de grande responsabilidade para com o nosso time, exercendo uma liderança assertiva sobre eles. Por isso, é nosso dever ajudar, explicar e orientar, para que possam realizar seus trabalhos da melhor maneira possível, entregando cada vez mais performances de qualidade, pois saberão exatamente o que precisam fazer e estarão com as respostas necessárias para isso.
Uma Inteligência Artificial poderia dar instruções? Claro que sim, isso é algo básico e até óbvio para as máquinas. Porém, a IA não está no nosso dia a dia, não conhece a rotina da empresa e muito menos os desafios do negócio, então quando surgem eventuais erros no caminho, é preciso das pessoas que conhecem todos os funcionamento das operações para resolvê-los de forma eficaz. Em um mundo hiper conectado, bem mais que agora, talvez ela consiga suprir parte disso, mas isso levará muito tempo.
Por outro lado, cabe a nós - gestores e colaboradores - conseguirmos tirar o lado positivo da ferramenta, utilizando-a a nosso favor e otimizando os processos da gestão a partir dos recursos que são disponibilizados. Por exemplo, podemos automatizar tarefas repetitivas por meio da IA, o que vai nos dar mais tempo para pensarmos no plano de execução da estratégia, trabalhando por resultados, que acredito ser o melhor caminho.
O problema é que, hoje em dia, com recursos como o ChatGPT, é fácil querer burlar as regras e pedir para que a IA faça o seu trabalho. Porém, você estará sendo ingênuo e nada profissional em acreditar que sua atitude não será descoberta, fora o fato de corroborar com a tese de que uma máquina “pode fazer sua função”. Seja esperto e vá além do óbvio, use a IA para pedir sugestões e opiniões sobre onde melhorar.
Segundo uma análise realizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), cerca de 41% dos empregos no Brasil têm alta exposição à Inteligência Artificial. E a tendência é que esse número aumente com o passar dos anos, conforme a tecnologia avança quase todos os dias, então temos que aproveitar esse tempo para nos atualizarmos, nos aprimorarmos e assim dominarmos a ferramenta.
Já estamos vendo perguntas sendo feitas por IA e respostas geradas por IA. Descrição de vagas feitas por IA, processo de filtro feito por IA e de currículos gerados por IA. Estamos correndo atrás do rabo? Aqui vale uma reflexão sobre a importância de aprendermos sobre a tecnologia, mas ao mesmo tempo termos noção de que não devemos ser reféns dela.
Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas.
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