Roubo de identidade online ainda preocupa, mas IA pode mitigar o problema
Tecnologia é capaz de identificar padrões por meio de pegadas digitais, identificando sujeitos propensos a dar golpes e ajudando as companhias a evitar prejuízos
Estudo recente da EY apontou que 71% dos consumidores brasileiros têm muito medo de suas identidades serem roubadas no ambiente online. Somado a isso, um outro levantamento, desta vez da Aiqon, mostra que o problema também preocupa gestores de cibersegurança, sendo que 55% dos CISOs (Cibersecurity Information Officer) reconhecem que o combate a esse imbróglio é um dos principais papeis da área. Com isso, especialistas defendem que a Inteligência Artificial pode ser uma aliada das companhias nessa batalha, ajudando a identificar operações fraudulentas e evitando prejuízos.
De acordo com Igor Castroviejo, diretor comercial da 1datapipe, plataforma de consumer insights baseada em IA, o varejo é um dos setores mais impactados pelas fraudes. “No último ano, para se ter uma ideia, dados do Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios atestam que, no Brasil, o setor sofreu prejuízos médios de R$ 8,5 milhões para cada empresa, um montante que, se somado, nos mostra uma cifra preocupante de dinheiro perdido para golpistas”, aponta o executivo.
Para ele, a utilização da Inteligência Artificial é a grande solução para esses players que querem evitar, principalmente, os temidos roubos de identidade. “Hoje em dia, usando a tecnologia alinhada com análise de dados, é possível identificar indivíduos propensos a atividades fraudulentas. Já existem softwares no mercado que fazem uma espécie de avaliação das pegadas digitais dessa pessoa, incluindo comportamento online, o IP de sua máquina e também se o seu telefone e endereço de e-mail são confiáveis”, explica.
Por utilizarem fontes de informações mais variadas e personalizadas do que as soluções antifraude tradicionais, as ferramentas baseadas em IA conseguem fazer uma varredura mais otimizada e eficiente. “Com isso, é possível combater ameaças modernas e sofisticadas em cada ponto de verificação”, complementa Igor Castroviejo.
É possível enxergar uma tendência no uso da tecnologia, principalmente na América do Sul. Um levantamento da Associação de Investigadores de Fraudes Certificados (ACFE) e do SAS mostra que, mundialmente, 18% dos profissionais do segmento de combate a fraudes já utilizam a Inteligência Artificial e Machine Learning em seu trabalho, com outros 46% dos executivos do setor que residem no continente latino pretendendo incorporá-las nos próximos dois anos.
“Por meio do uso do Machine Learning, as empresas podem treinar seus algoritmos para identificarem o comportamento padrão de seus usuários. Caso o sistema detecte alguma operação anormal, como utilização em uma localidade diferente ou a compra de produtos fora do perfil, pode classificar a transação como suspeita e pedir alguma confirmação de utilização para o titular”, explica Igor.
Uma outra medida baseada em IA apontada pelo profissional é a biometria facial. “Essa tecnologia pede para que o usuário coloque o seu rosto para reconhecimento na plataforma. Como a face de alguém é difícil de copiar, a tecnologia vai negar o acesso caso não reconheça o cliente. Mesmo se alguém mostrar uma foto do indivíduo, a solução não reconhece, pois se baseia em aspectos singulares e particulares de cada um”, finaliza, ao apontar que o seu uso evitou R$ 115 bilhões em fraudes em 2022, de acordo com dados da FGV.
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